Dia das Mães: uma menina sonhadora, uma mulher que percorreu o mundo

Caroline Ribeiro começou sua carreira aos 15 anos, aos 16 já era uma modelo internacional, mãe aos 24 anos.  Hoje é sócia de uma agência de modelos e conta como conciliou maternidade e trabalho.

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[Força Meninas ] Você iniciou a sua carreira muito cedo, você planejou?

Com 16 anos, participei de um concurso de beleza em Belém e minha mãe na época morava em Imperatriz, no interior do Maranhão.

Pouco tempo depois, eu fui morar em São Paulo porque minha mãe recebeu uma proposta para trabalho, praticamente ao mesmo tempo fui selecionada para participar de um concurso.

Quando cheguei a cidade tentei cursar o segunda grau no período da manhã, mas eu trabalhava o dia inteiro, por isso tive que optar por estudar a noite e completei os meus estudos na correria. Naquela época não existia apoio e preparação para uma menina que tem uma carreira como modelo.

Hoje o cenário é um pouco diferente, uma menina consegue traçar metas para sua carreira  e se posicionar no mercado de maneira mais profissional.  Esse é o trabalho que faço hoje como sócia da agência Prime Model Management.

Fui uma das primeira modelos brasileiras que foram modelar fora do Brasil e no inicio eu achava que poderia ser totalmente independente da minha mãe, fui errando e vivendo, mas com o tempo aprendi a importância de pedir ajuda.

[Força Meninas ] Como a maternidade impactou o seu trabalho? E o que você aprendeu com a sua mãe?

Eu também fui mãe cedo engravidei duas vezes aos 22 e perdi os bebês e aos 24 fui alertada pelo meu médico após uma cirurgia que teria que tomar uma medicação forte ou decidir engravidar. Parei tudo e engravidei, mas também foi bastante complicado porque não pensei no que acontece depois.

Por isso, sempre converso com as modelos sobre a importância delas terem um plano B, uma base familiar forte.

A minha mãe foi mãe aos 16 anos e ela nunca parou de estudar, trabalhar, se formou em na Universidade Federal, ela sempre foi exemplo e uma base muito forte para mim.

Você começou sua carreira internacional ainda na adolescência.Quais foram os maiores desafios enfrentados pela menina Caroline e quais características suas você acredita que contribuíram para o seu sucesso?

No começo a maior dificuldade para uma adolescente ao sair do Brasil é a coragem para enfrentar o novo e  a distância da família. A minha era muito unida.  Quando isso acontece você precisa aprender a segurar a saudade e ter maturidade para não se envolver com tudo que aparece no seu caminho:  as festas, boates, bebidas, drogas, mas eu sempre fui tão medrosa e tive uma base familiar tão sólida que não me aproximei.

O que me ajudou foi ter minha mãe  sempre ali, como amiga e uma pessoa que eu podia falar conversar.

[Força Meninas ] Você sempre fala que virou modelo, mas não atendia ao padrões de beleza da época. Como foi lidar com isso?

Recebi muitos “nãos” no começo, mas a minha segurança era saber que eu tinha para onde voltar se precisasse. Até os 20 anos eu sofria muito com a comparação, eu não tinha a beleza clássica da loira, do cabelo liso e olhos azuis, eu sou uma mistura de índios, portugueses e negros.  No inicio eu me achava horrorosa, mas com o tempo fui aceitando as minha diferenças e aprendendo a gostar do jeito que eu sou. Acho que quando mais crescemos mais desenvolvemos a confiança para gostar de quem somos.

[Força Meninas ]  Mães desempenham um papel muito importante como modelo e inspiração para suas filhas. Você acredita que a relação com a sua mãe a ajudou a desenvolver a ganhar autonomia, independência e autoconfiança tão cedo?

Com certeza minha mãe foi essencial nesse processo. Ela sempre trabalhou, por isso muitas vezes não conseguia participar de algumas coisas como a minha aula de Ballet. E algumas vezes eu ficava chateada porque sentia uma pressão da professora, das outras mães, enfim da sociedade para que a minha estivesse lá e participasse.

Com tempo, percebi que a ausência da minha mãe era justificada por ela estar sempre batalhando por uma vida melhor para nós. Por isso, hoje eu tenho muita admiração e gratidão por tudo que ela fez por mim. Hoje meu filho tem 13 anos e quando olho para ele eu penso: Será que preparei meu filho como minha mãe me preparou?

[Força Meninas ] Os padrões de beleza muitas vezes estimulam meninas a buscarem ideias de beleza incansáveis. Como vc acredita que mães podem ajudar as suas meninas a desenvolverem sua auto-estima conscientes de que não é preciso atender aos padrões de beleza?

Aos 15 anos você não tem noção ainda de quem você realmente é, por isso quando você recebe um não e outra menina um sim. Você pensa que o problema está com você e começa a tentar parecer com ela, muda seu cabelo, roupas, as poucos perde sua identidade.

Converso muito com as modelos sobre a importância de não cairem no martírio da comparação, sobre o valor de descobrirem a suas características , a sua real beleza, o que as faz única.

[Força Meninas ] A Caroline modelo, mãe, filha e “esposa” são a mesma pessoa. Com certeza, não é fácil desempenhar todos estes papéis. Como estas relações te ajudam a fazer escolhas no seu dia a dia e te motivam a ser uma líder?  E qual o papel da família na motivação de uma menina e depois de uma mulher na construção de seu futuro?

Não é nada fácil, precisamos estar atentas o tempo todos aos sinais da família. Quem me motiva a liderar minha vida é a minha mãe , ela é minha base. Até quando eu estou um pouco para baixo é para ela que eu ligo.

Meu marido também sempre me ajudou muito e me dá um grande suporte, já estamos juntos há 20 anos.

[Força Meninas ] Quais são o maiores desejos da Caroline mãe de menino? Como você acredita que mães de meninos podem contribuir para que nossa sociedade seja mais igualitária no futuro?

Meu desejo que é que ele sempre respeite as pessoas e seja respeitado. Para o menino é muito importante a maneira como o pai dele me trata e como me coloco em casa. Acredito que a nossa relação refletirá como ele enxergará e tratará  as mulheres.

Além disso, acreditamos que conversas difíceis como opção sexual, drogas e a importância de relacionar-se com respeito com outras pessoas precisam acontecer dentro de casa, assim nós desenvolvemos o nosso menino para que ele seja um homem bacana.  Estes são os melhores exemplos que podemos transmitir para ele.

[Força Meninas ] Você acredita que o desenvolvimento de meninas hoje pode contribuir para a construção de um futuro mais igualitário para todas as mulheres? Como você acredita que podemos começar a construir esse futuro no dia a dia?

Acho muito importante e vejo que hoje os jovens já crescem com mais informação. Essa informação com certeza ajudará na construção do futuro que desejamos.

[Força Meninas ] Você já viajou o mundo todo, conheceu alguma mulher líder inspiradora? 

Para mim, toda mulher que batalha pelo o que ela quer é inspiradora , eu tenho uma amiga que era dentista largou para cuidar dos filhos e da casa para mim ela é  também é uma inspiração.

[Força Meninas ] Qual conselho da Caroline mãe para mães de meninas que buscam desenvolver suas filhas de maneira saudável, autoconfiante e autonôma?

Sintam-se seguras, mães sempre carregam culpas porque são cobradas socialmente pela perfeição.  Precisamos desmisticar isso tudo e deixar mais tranquilo. A mãe precisa sentir-se segura de que está fazendo o seu melhor e seguir adiante.

[Força Meninas ] Qual a mensagem da Caroline para meninas que sonham grande como você sonhou?

Desejo que elas busquem sempre o autoconhecimento e entendam que passarão por diferentes fases na vida e que elas também irão mudar. Que permitam- se viver essas mudanças, que vivam mais se julguem menos. 

Obrigada Caroline por compartilhar sua trajetória inspiradora! 

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