Por Lara Franciulli
Em 2017, completei 17 anos. No meu pouco tempo de existência, definitivamente o período de maior aprendizado foi o último ano, quando experimentei uma espécie de “crise existencial” e repensei vários aspectos da minha vida.
Refletindo sobre minha adolescência, percebo que, por ser muito nova, eu tinha uma percepção muito reduzida da realidade: não conseguia ter uma visão ampla e a longo prazo. Sem muitas obrigações, eu geralmente colocava todos os meus esforços em uma só atividade e, quando o resultado não era próximo do esperado – ou demorava a aparecer – tudo parecia desmoronar. Eu sentia que havia fracassado e que não era capaz de nada. Por causa disso, tive muitas frustrações durante o ano passado. No entanto, elas me fizeram crescer.
Desde pequena, eu sempre gostei muito de estudar e, a partir do meu sexto ano, eu comecei a participar das olimpíadas científicas. Aprendi muito, conheci pessoas incríveis e fiz muitas amizades! Então, principalmente durante o Ensino Médio, me dediquei intensamente a essa atividade. Além das aulas regulares, eu frequentava as aulas de olimpíada de segunda a sexta-feira, geralmente entrando na escola às 7h00 e voltando para a casa às 22h00. Eu me sentia contente fazendo isso, e não entendia como uma obrigação: me fazia bem!
Até que os resultados não chegavam e isso começou a me decepcionar: “eu estudo tanto, como é possível eu não conseguir nada?!” Ainda que meus professores me dissessem que era algo natural, dado que a dificuldade no Ensino Médio era maior, eu coloquei na minha cabeça que eu não era boa o suficiente – comecei a minar minha autoconfiança. E as olimpíadas, que antes me deixavam motivada, começaram a ser um fator a mais de pressão. Comecei a brigar com meus pais, a me afastar dos meus amigos e passei a não me reconhecer na frente do espelho: “aonde foi parar a Lara inspirada e quem é essa pessoa na minha frente?”
Incomodada com a situação, conversei com um dos meus professores e o seu diagnóstico foi: “você está detestando aquilo que mais gostava”. E era exatamente isso que estava acontecendo! Mesmo percebendo que as olimpíadas não estavam me fazendo bem, eu estava com medo de parar, mesmo que por um tempo, e me focar em outra coisa: “como eu posso jogar fora tudo pelo que batalhei nos últimos anos?” Eu decidi aguentar um pouco mais, contrariando os sinais do meu corpo e os conselhos daqueles ao meu redor.
Foi então que, no final do ano passado, meu irmão faleceu repentinamente e, após duas semanas, meu sobrinho sofreu um grave acidente de moto. Esse foi um dos momentos mais difíceis para mim e quando cheguei ao meu limite. Não tinha mais vontade de levantar da cama, tinha perdido qualquer motivação. Comecei a me perguntar: “por que tudo isso está acontecendo?”
Meus pais, amigos e professores me ajudaram com a resposta que, na verdade, era outra pergunta: “Qual é a vida que você quer ter?” Eu olhei para trás e vi tudo o que já tinha conquistado e percebi o quanto eu ainda tinha a construir. Iniciei um processo para desacelerar meus estudos olímpicos e colocar meus esforços em atividades que me inspiravam, assim como as olimpíadas o faziam antes. Comecei a resgatar a Lara que estava perdida.
Como eu disse, ainda tenho 17 anos: há muito o que aprender! Mas já consegui absorver muitos aprendizados dessa experiência chamada vida:
- Ouça seu corpo: ele lhe dá sinais, sejam físicos ou emocionais!
- Sinta: não é errado sentir dor, raiva ou tristeza. O importante é saber entendê-las para que não sejam constantes!
- Reveja seus objetivos, o ambiente e as pessoas ao seu redor: eles estão lhe fazendo bem?
- Não se cobre tanto, a perfeição não existe: dar o seu melhor é o mais valioso!
- Evite comparações: cada um tem o seu tempo e ninguém é melhor do que ninguém!
- Confie em si mesmo: você é capaz de feitos incríveis e, se batalhar pelos seus sonhos, vai alcançá-los!
- Não tenha medo de arriscar: os erros constroem os acertos e tudo tem sua hora!
- Você não está sozinho, peça ajuda: às vezes não percebemos quantas pessoas se preocupam conosco, mas elas são muitas e vão nos apoiar!
- Nada é definitivo: você é quem traça o seu caminho e mudar de rota não significa fracassar, mas sim desbravar novos horizontes!
- Viva intensamente: passeie, divirta-se, ria, cante, dance, celebre! Tentamos buscar a felicidade pelo mundo a fora, mas na verdade nós a construímos com o que já existe dentro de nós!