O que países silenciaram na CSW69, na ONU — e o que precisamos dizer em voz alta

Por Deborah De Mari – fundadora da Força Meninas

Estive na sede da ONU em março, durante a 69ª sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher (CSW69). Vivi intensamente debates, articulações e silêncios. E volto com uma certeza: não há futuro sustentável sem meninas e mulheres diversas no centro da transformação.


O evento marcou os 30 anos da Plataforma de Ação de Pequim. Mas mesmo em 2025, palavras como “educação sexual”, “direitos reprodutivos” e “autonomia” foram apagadas da declaração final. Mulheres negras, indígenas, quilombolas e LGBTQI+? Nem uma linha.


Enquanto isso, as jovens brasileiras que conheci nos corredores do evento e as meninas com quem trabalhamos na Força Meninas criam soluções para o futuro. Elas não pedem mais permissão para existir nos espaços de decisão. Elas superam obstáculos e se fazem presentes. Elas escutam suas comunidades, constroem com baixo custo, propõem soluções e transformam bairros, cidades. Mas falta apoio, as vezes mais capacitação, investimento para escala, oportunidade, reconhecimento e coragem política para trazê-las ao centro.


📌 O Brasil chegou com avanços importantes: diálogo com a sociedade civil, combate à fome, programas de dignidade menstrual, políticas de referência de enfrentamento à violência. Mas ainda faltam pontes estruturais, objetivos comuns que gerem pertencimento em sociedade colaborativa que cresce a partir da integração entre governos, empresas e sociedade civil.


Temas do momento, precisamos falar de de clima e tecnologia, palco de muitos diálogos para poucos, as pautas urgentes foram tratadas de maneira regimental . A inteligência artificial que acompanhei de perto — decepcionou e foi debatida em salas pequenas e superlotadas — nos discursos ficou clara a urgência ética, mas evidente a distância entre teoria e prática. Diálogos entre governos e especialistas, revelavam a ausência perturbadora das Big Techs e representantes da sociedade civil.


A IA também foi protagonista de discussões sobre violência de gênero ascendente em todo o mundo. Ou seja, sem mulheres e meninas diversas na construção dessa nova tecnologia e na regulação das práticas de mercado, amplificaremos os abismos e violências já designados as meninas e mulheres no passado, sobretudo as mais vulneráveis.


Sobre o clima, confesso que me pareceu ainda mais desanimada a conversa. Mais presente do que a IA, mas ainda assim tratada de maneira abstrata me levou a reflexão sobre o papel do Brasil, na COP30, este ano em Belém.


Será que protagonizaremos a coragem e reparação histórica de fazer uma COP de verdade comm justiça climática com recorte de gênero e raça no centro do debate. Teremos essa coragem?



Neste contexto, qual recado a CSW69 deixou (ou não) que deve ser pauta da estratégia ESG de empresas visionárias:

Investimento em educação para incentivar meninas em carreiras Tecnológicas e Científicas. científica e tecnológica para meninas;

Mulheres negras, indígenas e periféricas em espaços de criação, decisão e oportunidade;

Paridade real em conselhos e lideranças;

Remuneração do cuidado e divisão do trabalho doméstico.

Métricas de impacto que vão além do carbono;



Mulheres e meninas movem o mundo — e serão cruciais para empresas que desejam ter futuro. As que entenderem isso agora, liderarão o amanhã. As que resistirem, ficarão presas a um mundo que já não parece com o passado, mas desconhece as reais oportunidades do futuro.


Vamos juntas?

#Equidade #LiderançaFeminina #ForçaMeninas #ESG #JustiçaClimática #DiversidadeNaTecnologia #COP30 #Gênero #InovaçãoSocial #CSW69 #FuturoÉAgora

Pular para o conteúdo